Para governo, Cunha agora é problema de Janot
Para o Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é agora um problema do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Ao romper com o governo Dilma Rousseff nesta sexta-feira, Cunha fez um discurso de ataque contra Janot, o juiz federal Sergio Moro, o PT, a presidente e ministros. Está rodeado de inimigos.
Mas, apesar de se dizer um aliado, Cunha já atuava contra a presidente Dilma. Agora, ao assumir claramente que faz oposição, já cria embaraços para o governo, como aprovar CPIs incômodas para Dilma e organizar os pedidos de impeachment pendentes de apreciação por ele.
O Palácio do Planalto avalia que Cunha quis chamar Dilma e seus auxiliares para a briga. Mas a presidente decidiu ter uma reação cautelosa porque o presidente da Câmara ainda manterá muito poder enquanto presidir a Casa.
A esperança do governo é que uma provável denúncia de Janot contra Cunha o enfraqueça ainda mais na Câmara e no PMDB _legenda que já deixou claro que o rompimento é pessoal e não partidário.
Já a oposição sai ganhando com o episódio, porque recebe o reforço de um político que tem poder de retaliar o governo. Mas o PSDB não quer se aproximar demais de Cunha porque há rumores em Brasília de que o Ministério Público teria reunido muita munição contra o peemedebista.
Uma ala tucana mais moderada avalia que, agora, ficou mais difícil articular uma operação para viabilizar um eventual impeachment da presidente.
Kennedy Alencar
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