CASAMENTO COMUNITÁRIO

300 casais oficializam união na véspera do Dia dos Namorados

Com casais de todos os tipos, a celebração representou muito mais do que um simples casamento, mas um momento de inclusão social e de acesso à justiça para os casais pernambucanos (Foto: Priscilla Melo/DP)

 

Os casais se reuniram no Geraldão, no bairro da Imbiribeira, para oficializar a união

Para alguns, esta terça-feira (11) foi mais um dia normal, afinal, a data especial da semana está guardada para quarta-feira, dia 12 de junho, Dia dos Namorados. Mas, a data foi bem importante para 300 casais de toda Região Metropolitana do Recife, que oficializaram a união através de um casamento comunitário.

No Ginásio de Esportes (Geraldão), na Imbiribeira, Zona Sul do Recife, os casais se reuniram para participar de um casamento promovido pela Defensoria Pública do Estado de Pernambuco (DPPE). 

Sob a condução do juiz Clicério Bezerra, titular da 1ª Vara de Família e Registro Civil da Capital, a cerimônia começou no início da tarde. 

Com casais de todos os tipos, a celebração representou muito mais do que um simples casamento, mas um momento de inclusão social e de acesso à justiça para os casais pernambucanos. 

Foto: Priscilla Melo/DP

Esta foi a oportunidade que Eronildo José, de 58 anos, e a pedagoga Maria Helena, de 57 anos, esperavam para selar o relacionamento. 

Vestidos de branco e bege como manda em um casamento, o casal trajava um detalhe especial que os diferenciava: o colete de motociclistas. Em conversa com o Diario, eles explicaram que o colete significa igualdade, lealdade, humildade e muito amor, amor esse compartilhado entre o casal de noivos há sete anos. 

 

Eronildo conta que foi depois de um motoculto, um evento para apreciadores do motociclismo, que se apaixonou pela esposa. “Depois que a gente saiu do motoculto, eu fui todo acanhado dar um beijo nela. Aí ela chegou na minha gola e disse: ‘não é assim, não!’ Aí me puxou e veio com tudo”, relembra. 

“Eu não era motociclista”, confessou Maria Helena. “Eu não fazia parte do motociclismo, eu era uma professora que só vivia do trabalho pra casa. Aí depois que eu conheci o motociclismo, que eu conheci meu marido, aí eu não ia só do trabalho para casa, mas de casa para o mundo”, afirma. 

Em relação a paixão que agora dividem pelo motociclismo, Maria Helena contou que não sairá mais da garupa do marido. 

“Agora que estamos casados que não vamos parar mesmo! Só no dia que o Papai do Céu falar que é hora da gente descansar que vamos parar. Mas enquanto ele me der força de espírito e vontade no coração, vamos continuar pilotando”, vibraram juntos.

Foto: Priscilla Melo/DP

Não era só seu Eronildo e dona Maria Helena que estavam trajados de acordo com seus gostos. Os recém-casados Jaciane Barbosa, de 41 anos, e Jean Bruno, de 40, aproveitaram o combo de época junina, casamento e aniversário de Jean para homenagearem as datas. 

Sem soltar as mãos, Jaciane contou como o casal se conheceu. “A gente gosta de ir para restaurantes, por  um acaso a gente se conheceu e trocou telefones. Começamos a ter contato, trocamos mensagens. Eu me apaixonei à primeira vista, mas foi quando ele me deu o meu primeiro beijo, que eu vi que não era paixão, era amor”, contou. 

Juntos há dois anos, o casal contou que o Dia dos Namorados será uma continuação da comemoração do dia mais especial de suas vidas. “Engraçado que hoje é nosso casamento e amanhã, Dia dos Namorados, será nossa Lua de Mel. Então vai ser excelente! Vamos fazer uma festa para comemorar nossa união mais tarde com amigos e familiares. Obviamente será um arraial!”, se divertiu Jean. 

A cerimônia também levou a oportunidade do casamento para casais que, há tanto tempo juntos, nem pensavam em casar. 

Foto: Priscilla Melo/DP

Esse é o caso de Antônio, de 60 anos, e Valmira, de 51. O casal está junto há 35 anos e Valmira contou que foi pega de surpresa pelo companheiro. “Ele acordou num dia e perguntou se eu queria casar, eu aceitei, né? Eu nem estava esperando”, se diverte dona Valmira. “Foi tanto tempo tranquilos com as escovas juntas que ela levou um susto quando perguntei se ela queria casar”, brinca seu Antônio. 

Os recém-casados são pais de Rosângela, de 30 anos, e de José Robson, de 32. “Sempre foi o sonho de minha avó que minha mãe casasse de noiva, de véu e grinalda. Ela vai ficar bem feliz quando ver as fotos”, contou Rosângela. Sua avó, dona Maria Josefa não pôde ir para a cerimônia da filha por morar em Canhotinho, no Agreste pernambucano. “Tanto que vovó também sonha que eu case de noiva. Não vai acontecer nem tão cedo”, contou. 

Pessoas da comunidade LGBT+ também foram acolhidas na cerimônia e voltaram para casa com um novo status e o amor ainda mais forte para enfrentar o preconceito.

Foto: Priscilla Melo/DP

Casadas, Talita Caroline, de 30 anos, e Amanda Magno, de 32, se conheceram há 9 meses em uma boate no Recife. “A gente se conheceu, enrolamos por uma semana até que ficamos pela primeira vez. Três meses depois estávamos morando juntas. E agora, casadas e muito felizes”, disse Amanda. 

Agora, o plano delas é viajar para Salvador em Lua de Mel.

Há quem diga que qualquer rede social pode ser um aplicativo de relacionamentos se usado corretamente, no casamento comunitário, alguns casais concordam. 

Foto: Priscilla Melo/DP

João Paulo, de 43 anos, e Rafael Antônio, de 36, se conheceram há quatro anos. Na época, Rafael estava viajando a trabalho em Cuiabá quando começou a trocar mensagens em um aplicativo de fotos com o então marido. João Paulo não via um matrimônio como algo “relevante”, mas, para realizar o sonho de seu marido, disse sim. 

“Eu achava que casamento bom mesmo era casamento que o casal vive bem. A gente vive bem, sabe? Mas era o sonho do Rafael casar. Então, quando vi a oportunidade, viemos e agora somos casados”, comemora. 

Foto: Priscilla Melo/DP

O mesmo aconteceu com os jovens Júlia Vitória, de 20 anos, e seu marido, Douglas Fernando, de 21 anos, o casal se conheceu também por um aplicativo de fotos. “Marcamos um encontro pelo Instagram em um encontro de motos que teve lá em nosso bairro. Depois dali, não desgrudamos mais”, conta Douglas que no colo segurava o filho do casal, o pequeno Davi Lucas, de um ano. 

“Quando a oportunidade bate na porta, a gente tem que abraçar, né? Por que não selar nosso compromisso? Então, enfim casados”, vibrou Júlia.