200 anos da Confederação do Equador: resgate histórico mostra como seria o "rosto" de Frei Caneca

A divulgação desse material gráfico é uma das novidades dos eventos que marcam, a partir desta terça (2), os festejos do movimento revolucionário.
Um trabalho de pesquisa histórica feito pela Comissão das
Atividades Comemorativas ao Bicentenário da Confederação do Equador
revelou como seria o rosto de Frei Caneca, um dos maiores
revolucionários do estado de Pernambuco.
A
divulgação desse notarial gráfico é uma das novidades dos eventos que
marcam, a partir desta terça (2), os festejos dos 200 anos da
Confederação do Equador. As comemorações durarão um ano, se encerrando
nesta mesma data em 2025.
A
Confederação foi um movimento libertário que começou em 1824, em
Pernambuco e se alastrou para outras províncias nordestinas, a
Confederação do Equador é um dos primeiros marcos históricos do Primeiro
Império.
Composta por Universidades de
Pernambuco, pela Arquidiocese de Olinda e Recife, pela Companhia Editora
de Pernambuco e algumas Secretarias do Governo do Estado, a Comissão
das Atividades mostrou o “retrato” de Joaquim do Amor Divino, ou Frei
Caneca.
A imagem foi divulgada no lançamento
dos eventos de comemoração dos 200 anos da Confederação do Equador, no
Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, no Grande Recife.
No
evento, Raquel Lyra discursou sobre a força de Pernambuco. “Quando a
gente diz que é de Pernambuco, as pessoas de outros estados olham de um
jeito diferente para a gente. Elas compreendem o tamanho da nossa
tradição de luta pela democracia, a força da nossa política, mas também a
força do nosso povo. Pernambuco é um país porque muito antes de que a
gente estivesse aqui, décadas, séculos antes de nós, tinham pessoas que
lutavam por liberdade e por igualdade, como o Frei Caneca”, afirmou a
governadora.
Na solenidade, a vice-governadora
Priscila Krause falou sobre o trabalho da comissão de resgate
histórico. “A imagem que nós temos mais popularizada de Frei Caneca é a
do quadro de Murillo La Greca, que retrata um momento um pouco anterior à
sua execução”, contou.
Ainda
segundo ela, a comissão partiu atrás de estudos, imagens da
arquidiocese e de referências históricas. “Nós fomos atrás de relatos
históricos, contamos com a ajuda da Arquidiocese de Recife e Olinda, a
partir de Frei Cristiano que estuda Frei Caneca, além de vários outros
historiadores como George Cabral. Com todo esse acervo em mãos, Comissão
do Bicentenário entregou as imagens para o artista Roberto Ploeg, que
desenhou Frei Caneca, sob seu olhar artístico”, afirmou.
O evento de abertura, reuniu as autoridades do Estado e os representantes da sociedade civil envolvidos com o tema.
Também
presente na solenidade, a senadora Teresa Leitão contou do desejo do
Senado em fazer um documentário sobre a Confederação do Equador. “Uma
das coisas mais importantes da Confederação do Equador foi ao contestar o
poder moderador, Dom Pedro I, apresentar uma alternativa de convivência
entre as províncias e de gestão, isto é união do pacto federativo”.
Editais
![]() | |||||||
Solenidade marcou início das comemorações dos 200 anos da Confederação do Equador (Foto: Mareu Araújo/DP ) |
No
evento oficial de abertura, foram lançados editais, de R$ 300 mil, para
apresentações de artes cênicas, programação de eventos científicos,
ações na Universidade de Pernambuco (UPE), a reedição da obra “Frei
Joaquim do Amor Divino Caneca”, de Edvaldo Cabral de Mello, pela
Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), e uma cartilha para os
professores dos anos finais da rede estadual.
A
comissão apresentou um selo postal comemorativo em parceria com os
Correios e o evento será finalizado com a apresentação do espetáculo
“Frei Caneca – 200 anos da Confederação do Equador”, que tem direção de
Carlos Carvalho e produção de Paulo de Castro.
Quem foi Frei Caneca
Frei
Caneca foi preso, julgado e condenado à morte. No dia 13 de janeiro de
1825, ele seria enforcado no Forte das Cinco Pontas, mas os três
carrascos se recusaram a executá-lo. Com isso, Frei Caneca foi fuzilado
com uma determinação da Comissão Militar e teve o corpo deixado em
frente ao Convento das Carmelitas, dentro de um caixão de pinho. Os
padres o recolheram e enterraram.
Confederação
Considerado
uma espécie de continuação da Revolução de 1817, a Confederação do
Equador se destacou como um dos principais movimentos de contestação ao
reinado do imperador D. Pedro I, que ainda flertava com os portugueses
mesmo com a independência do Brasil.
O
movimento começou em Pernambuco e atingiu outras províncias, como Ceará,
Paraíba e Rio Grande do Norte. Ganhou este nome em referência à
proximidade do centro do conflito com a linha do Equador.
"Existia,
desde o século XVII, uma série de relações comerciais, familiares,
políticas, entre Pernambuco e as capitanias mais ao norte. Então essas
relações foram se intensificando do ponto de vista intelectual a partir
da fundação do Seminário de Olinda, porque várias pessoas vieram dessas
províncias para estudar aqui e entrar em contato com os ideais
libertários. Então, há toda uma série de conexões que faz com que, não
só em 1824, mas também em 1817, a gente tenha essa adesão das capitanias
da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará aos movimentos que
eclodem aqui em Pernambuco", explica o professor da UFPE e membro
efetivo do Instituto, Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano,
George Cabral.
As principais causas da
revolução, apontam os historiadores, foram a crise socioeconômica na
região e o autoritarismo do imperador Dom Pedro I, que determinou o
"poder moderador" na Constituição de 1824, a primeira do Brasil.
"A
partir daí, o imperador manda uma comissão elaborar uma nova
Constituição, que cria uma aberração que se chamava ‘poder moderador’.
Esse ‘poder moderador’ seria exercido exclusivamente pelo imperador e
praticamente ele interferia diretamente nos outros três poderes. Então
isso anulava completamente o jogo de equilíbrio, de freios e
contrabalanços que o sistema constitucional autêntico entre os poderes
preconizava”, destaca o professor George Cabral.
As
divergências entre o imperador e os constituintes resultaram em uma
atitude drástica: o imperador mandou tropas para fechar a
Constituinte.
Em 1824, outorgou a primeira
Constituição brasileira, que lhe garantiu maior poder e disponibilidade
de ação para atacar quem afrontasse sua autoridade ou a unidade do
território brasileiro. Por isso, não seria tolerado nenhum tipo de
revolta contra o governo central.
Nenhum comentário:
Postar um comentário