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quarta-feira, 15 de abril de 2020

CHORANDO O LEITE DERRAMADO

OMS 'lamenta' decisão de Trump de suspender financiamento

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom GhebreyesusFoto: Fabrice Confrrini/AFP


A declaração foi dada pelo diretor-geral da OMS através de uma coletiva virtual

A OMS (Organização Mundial da Saúde) lamentou a decisão do presidente americano, Donald Trump, de suspender repasses ao órgão em meio à pandemia, mas vai continuar "concentrada em combater e vencer o coronavírus", disse nesta quarta (15) em Genebra o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Segundo ele, uma divisão em meio à crise beneficia apenas a transmissão do coronavírus. "Somos um mundo, uma humanidade, lutando contra um inimigo comum."
A suspensão foi anunciada na terça (14) à noite por Trump, que acusou a OMS de ter "falhado em seu dever básico e [por isso] deve ser responsabilizada".

Maiores doadores da entidade, os EUA repassaram em 2019 o equivalente a 15% do orçamento da OMS: US$ 400 milhões (R$ 2,1 bilhões).


Questionado duas vezes sobre o valor que deixaria de entrar na conta da OMS e os mecanismos viáveis de transferência de recursos, Ghebreyesus repetiu que o departamento financeiro da organização está verificando o impacto da suspensão e que vai discutir com outros Estados membros, empresas e indivíduos alternativas para cobrir a lacuna.

"Os EUA têm sido um amigo antigo e generoso da OMS, e esperamos que continuem assim. Com o apoio da população e do governo americanos, temos trabalhado para melhorar a saúde dos mais pobres e mais vulneráveis no mundo", disse o diretor.

Sobre a afirmação do presidente americano de que a OMS demorou a reagir, o que, segundo Trump, teria contribuído para a crise provocada pelo coronavírus, a líder técnica da entidade, Maria van Kerkhove, disse que, no dia 11 de janeiro, foi dado um alerta sobre a necessidade de reunir conhecimento sobre o novo patógeno e evitar a possibilidade de contágio.

"Nossa experiência com outros coronavírus de transmissão por vias respiratórias já nos mostrava que eles podem se espalhar rapidamente e levar sistemas de saúde ao colapso", afirmou ela.

A OMS também rebateu a acusação de Trump de que excluiu Taiwan de seus esforços contra o coronavírus, e citou dez exemplos recentes em que cientistas, o governo taiwanês e pesquisadores e técnicos da organização trabalharam em conjunto.

"A Covid-19 [doença provocada pelo coronavírus] não discrimina entre nações grandes ou pequenas, ricas ou pobres, nacionalidades, etnias ou ideologias. Nem nós. Este é o momento de união contra um inimigo poderoso", afirmou o diretor da organização.

Ghebreyesus afirmou também que a OMS não é imune a falhas e que seu desempenho será revisto tanto pelos países membros quanto por instituições independentes, como é praxe. "Certamente serão identificadas áreas para melhoria, lições a serem aprendidas. Mas, no momento, nosso foco é derrotar o vírus."



Por: AFP com informações da Folhapress

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