Um perigo para o rosto: entenda o que são as paralisias faciais
Ao acordar pela manhã, é normal ir até o banheiro e lavar o rosto em frente ao espelho. Agora, imagine se olhar no reflexo e notar que está com metade do rosto paralisado? Uma situação, naturalmente, desesperadora, já que a face encontra-se desconfigurada ou disforme. A paralisia facial, como é conhecida, pode acontecer por diversos motivos, repentinamente e na vida de qualquer pessoa.
A principal razão para tal acometimento é idiopática, ou seja, nunca haverá, realmente, como determinar o agente causador, segundo Larissa Camargo, otorrinolaringologista do Hospital Santa Lúcia. "Causas infecciosas, como após infecção pelo herpes-vírus simples ou herpes zoster, devem ser destacadas, bem como distúrbios metabólicos, como diabetes mellitus", explica.
A paralisia facial é a redução da movimentação dos músculos da face, geralmente súbito, unilateral, devido ao comprometimento do sétimo par craniano (nervo facial), responsável pela mímica facial. De acordo com Larissa, existem vários tipos de paralisia, que podem ocorrer por inúmeras razões.
Tipos
Um dos tipos de paralisia é a facial central, que acontece em razão de um acometimento do sistema nervoso central, devido a acidentes vasculares cerebrais (AVC), doenças degenerativas ou tumores. Outra forma de paralisia, como ressalta a otorrinolaringologista Larissa Camargo, é a periférica, geralmente de causa idiopática, cuja grande diferença são as manifestações clínicas. “Na paralisia facial periférica, o paciente apresenta maior comprometimento dos músculos da região frontal, geralmente poupados em uma paralisia facial central”, completa.
Reabilitação
De acordo com a médica, o tempo de recuperação vai depender da gravidade da paralisia facial. “Na maioria dos casos, os pacientes podem avaliar melhora com até duas semanas de tratamento, a depender da gravidade inicial do quadro.”
Paralisia de Bell
Segundo a neurologista Mikaela Aguiar, a paralisia de Bell é a facial periférica. Compromete o nervo facial de um lado e se caracteriza por paralisia facial aguda completa ou parcial de metade do rosto. “Notamos ausência de movimentação do lado paralisado. O indivíduo não consegue fechar o olho, nem franzir a testa. O lábio também não faz o movimento do sorriso”, acrescenta.
Famosos
Recentemente, a apresentadora Fernanda Gentil contou que foi diagnosticada com paralisia de Bell e relatou os sintomas que teve durante o episódio, como um incômodo, e que o lado esquerdo do rosto não correspondia ao direito. Além dela, o cantor Justin Bieber tem a síndrome de Ramsay Hunt, uma doença rara que provoca paralisia parcial da face, que o fez até mesmo abandonar os palcos por um longo período para realizar o tratamento adequado.
Faixa etária
A paralisia facial periférica ocorre, principalmente, entre 15 e 40 anos, sendo mais frequente em pacientes portadores de diabetes mellitus, destaca a neurologista Mikaela.
Características
A paralisia facial é caracterizada pelo enfraquecimento ou paralisia de um dos lados do rosto. Conforme avaliação da médica Larissa, a doença está relacionada à redução da movimentação dos músculos da face, geralmente súbito, unilateral, devido ao comprometimento do sétimo par craniano (nervo facial), responsável pela mímica facial.
Diagnóstico
Mikaela explica que o diagnóstico da paralisia facial é clínico. A história clínica aliada ao exame físico são suficientes para avaliar o acometimento da doença. Os exames complementares de imagem são utilizados somente para diagnósticos diferenciais.
Fases da doença
A paralisia facial, habitualmente, começa com dor de cabeça ou dor no ouvido, seguido de tontura e mal-estar geral. E de forma súbita já se percebe a desconfiguração no rosto. “A assimetria pode ser leve, moderada ou grave — esta última quando a assimetria do rosto é muito evidente”, finaliza Mikaela.
Palavra de especialista
Quais os sintomas de uma paralisia?
Os sintomas são variados e de acordo com a gravidade de acometimento dos músculos, muitas vezes apresentando alteração da sensibilidade na região auricular previamente aos sintomas, que são a redução da mobilidade muscular da hemiface acometida, redução do lacrimejamento, incapacidade de fechamento ocular, alteração do paladar, dificuldade de mastigação pelo comprometimento dos músculos relacionados. Ressalta-se ainda maior sensibilidade a sons, quadro chamado de hiperacusia.
Qual a principal forma de tratamento?
O tratamento precoce com doses elevadas de corticoide pode reduzir o processo inflamatório no nervo facial, melhorando a resposta ao tratamento. Além disso, fisioterapia motora para estímulo muscular, bem como cuidados oculares, em especial durante o sono, para que os olhos se mantenham lubrificado e o fechamento preservado, podem reduzir as complicações dessa patologia. Quanto mais precoce instituído o tratamento, maior a chance de recuperação total.
Quais as complicações e os agravamentos em razão da paralisia facial?
Uma das complicações na fase aguda é não realizar fechamento ocular durante o sono, podendo ocasionar lesão de córnea pela falta de lubrificação. Além disso, muitas vezes, a alteração do paladar e do lacrimejamento pode ser sequela, de acordo com a gravidade do quadro. A assimetria de face com, recuperação parcial da mobilidade da musculatura facial, pode ser observadas. Quanto maior a gravidade da paralisia e o tratamento tardio, maiores são os riscos de sequelas motoras.
Correio Braziliense.
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