Entrega de indenização a donos de apartamentos em prédios-caixão do Grande Recife teve protesto
Foto: Rafael Vieira/DP

As famílias que perderam o lar em decorrência dos desabamentos e desocupações receberam indenização
Continuando a agenda em Pernambuco, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) participou, na tarde desta segunda-feira (2),
da cerimônia simbólica de assinatura do acordo de indenização para
moradores de "edifícios-caixão" na Região Metropolitana do Recife. O evento foi realizado na Caixa Econômica Cultural, no Bairro do Recife.
“O
cheque é uma demonstração simples de que quando o Estado está
preocupado em ajudar a resolver os problemas das pessoas não existe nada
que não possa ser resolvido. E aqui eu acho perfeita essa combinação
entre a Advocacia-Geral da União, a Caixa Econômica Federal, a
governadora do Estado e as empresas de seguro da própria Caixa, pois
fica demonstrado que não precisava o povo ter esperado 30 anos para
receber essa indenização”, ressaltou o presidente Lula.
O Governo Federal garantiu, através da Caixa Econômica Federal, um investimento de R$ 1,7 bilhão para indenizar as famílias afetadas pelos desabamentos e condenações dos prédios. Cada família vai receber um valor de R$ 120 mil para adquirir um novo imóvel. Na cerimônia, o presidente Lula entregou para algumas famílias o cartão, que recebeu o nome de "Cheque esperança".
O
acordo envolve a Advocacia Geral da União, a Caixa e o Governo de
Pernambuco para solucionar, de forma amigável, os processos de famílias
que entraram na Justiça para pedir indenização. Os terrenos dos prédios
que estão com risco de desabamento serão destinados para o Governo do
Estado, que irá utilizá-los para a construção de creches e moradias por
meio do Programa Minha Casa, Minha Vida.
“Há
um mês nós nos comprometemos com o povo de Pernambuco que hoje iríamos
aqui entregar as moradias para as famílias que, durante muitos anos,
ficaram à mercê de recursos, contestações, embargos, prescrição e de
termos jurídicos muito frios. Aqui, o presidente da Caixa falou que
foram construídos, durante anos, prédios que não tinham a capacidade
construtiva necessária para abrigar milhares de famílias. Infelizmente,
muitas famílias perderam as suas vidas. A gente sabe que não tem
dinheiro que apague a cicatriz das perdas de vidas, mas nós estamos aqui
hoje honrando a vida das pessoas que se foram e as famílias que ficaram
fazendo um acordo justo e oferecendo dignidade para as famílias”, afirmou o advogado-Geral da União, Jorge Messias.
A
governadora Raquel Lyra também esteve presente na cerimônia de entrega
dos créditos para os pernambucanos vítimas dos desabamentos dos
prédios-caixão e destacou a importância da aliança com o Governo Federal
para indenizar as famílias.
“E eu estou
fazendo essa missão porque quando a gente chegou aqui ao Governo de
Pernambuco, pertinho do carnaval, desabou o primeiro prédio durante a
nossa gestão. E desabar um prédio como esse, morrer gente, me remeteu às
chuvas lá de Caruaru. O meu primeiro movimento, obviamente, foi acionar
o Corpo de Bombeiros, a nossa Secretaria de Ação Social, para poder
estar junto das pessoas que ocupavam esses corredores. E a gente
resolveu criar um núcleo, pois a solução simplesmente não vinha, e os
processos vão se sucedendo ano a ano, década a década, sem solução. A
gente não acredita em solução que não envolva decisão política. E, em
tempo recorde, em junho deste ano, a gente conseguiu assinar um acordo”, registrou.
O
presidente da Caixa, Carlos Vieira, Carlos Vieira falou da simbologia
deste momento de reparação aos proprietários de imóveis dos
prédios-caixão. "Está sendo feita justiça na forma de uma
indenização a todas essas famílias que, de uma certa forma, foram
afetadas por esse processo", explicou.
O
Grande Recife possui 431 prédios-caixão com alto risco de desabamento
que estão distribuídos em: Recife: (161), Olinda (129), Jaboatão dos
Guararapes (81) e Paulista (60).
Os prédios
estão localizados em 43 bairros da RMR: Jardim Atlântico, em Olinda
(51), Janga, em Paulista, (42), Iputinga, no Recife, (37), Imbiribeira,
no Recife, (33) e Candeias, em Jaboatão (26).
As
pessoas que moram nestes imóveis deverão deixá-los, pois eles serão
demolidos e os terrenos serão do Governo do Estado. Ao todo, já foram
registrados 20 desabamentos e a negociação com o governo se estende
desde a década de 1990, quando foram registrados os primeiros casos.
Até o momento, 14 mil famílias foram afetadas com
os desabamentos, totalizando 40 mil pessoas sem moradia. Os dados foram
levantados em 2005 pelos ministérios públicos de Pernambuco (MPPE) e
Federal (MPF).
Neste ano, os acordos são feitos
com os moradores de 133 prédios e os outros 298 que restaram devem ser
negociados em 2025. O processo de negociação foi divulgado pela Caixa,
que administra o Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS). As
famílias que receberão a indenização realizaram um protesto no Recife um
dia após a divulgação do acordo por avaliarem como injusto o valor a
ser recebido.
Entre as famílias habilitadas para
receber a indenização do primeiro plano de trabalho específico do
Conjunto Habitacional MEG IV, bloco A, localizado no bairro Rio Doce do
município de Olinda (PE), quatro proprietários de unidades habitacionais
assinaram acordo com a CAIXA, no papel de Administradora do Fundo de
Compensação de Variações Salariais – FCVS, e receberam o pagamento de
indenização no valor de R$ 120 mil no evento.
O
Bloco A do edifício MEG IV é composto por 8 unidades habitacionais, e
faz parte da primeira fase composta por 133 empreendimentos avaliados
como prioritários diante do alto risco de desabamento.
Proprietários pedem indenização maior
Apesar do aumento de R$ 30 mil para R$ 120 mil em
indenização para os moradores que tiveram que deixar seus apartamentos
por risco de desabamento, houve um protesto realizado em frente à Caixa
Econômica Cultural. Os manifestantes reprovam o valor acordado entre os
governos Federal e Estadual e afirmam que uma indenização justa seria
por volta dos R$ 300 mil.
“Já existem
processos que estão transitados em julgados com valor de indenização
para a gente receber. Tem valores que passam de R$ 350 mil, dependendo
da área onde seja o imóvel. E como é que agora o governo vai querer
entrar em um processo nosso, que é contra a seguradora, que são empresas
privadas? O Governo do Estado ou o Governo Federal querem colocar
dinheiro público dentro dos processos, oferecendo R$ 120 mil. Onde a
gente vai comprar um imóvel por R$ 120 mil? A gente apoia a indenização,
mas não deste jeito que eles estão fazendo. Isso é dar esmola, é
imoral, é desrespeitar nós que compramos”, questionou Edvânia
Santos, integrante da Federação das Associações de Moradores dos Núcleos
de COHAB e Similares no Estado de Pernambuco (Femocohab).
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