Lula, o grande derrotado
Em Belo Horizonte, capital de Minas, segundo maior colégio eleitoral do País, Lula sequer deu o ar da sua graça e nem pensa em botar os pés no segundo turno por lá, porque a disputa se dá entre dois candidatos da direita: Bruno Engler (PL), bolsonarista, e Fuad Noman, do PSD de Gilberto Kassab, partido que elegeu o maior número de prefeitos no primeiro turno – 882 gestores.
Lula amarga ainda outra grande derrota: os seis partidos que mais elegeram prefeitos – pela ordem PSD, MDB, PP, União Brasil e Republicanos – são do Centrão, movimento conservador do Congresso, alinhado ao ex-presidente Bolsonaro. O PT, para desespero de Lula, foi o nono. Elegeu apenas 248 prefeitos, enquanto o PL elegeu mais que o dobro – 512.
O problema para Lula é que o placar da votação não deixa dúvida: a direita e o conservadorismo ganharam terreno, enquanto a esquerda e o PT ficaram para trás na disputa pelas prefeituras e câmaras municipais. Até 2026, muita coisa pode mudar. O resultado num pleito municipal não tem necessariamente relação direta com o de uma eleição geral, mas não há como negar que, por enquanto, os ventos sopram numa direção contrária sonhada por Lula.
Algumas razões para a desidratação petista e de Lula são conhecidas. Nos últimos dez anos, o partido enfrentou um poderoso processo de desgaste em decorrência da Operação Lava-Jato, que desvendou o maior esquema de corrupção já descoberto no país, e da recessão histórica legada por Dilma Rousseff. A legenda reconhece o peso desses fatores, mas, como de costume, omite os próprios erros e se apresenta como vítima de conspiração.
AFASTADO DAS RUAS
Vice-presidente do União Brasil, o ex-deputado federal e ex-prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto (BA) disse, ontem, em entrevista à Folha de São Paulo, que as eleições municipais mostraram um presidente Lula (PT) enfraquecido e afastado das ruas, o que abre caminho para seus adversários em 2026. ACM Neto, que integra a ala do partido mais refratária ao governo, defendeu o enfrentamento com o PT, afirmando que Lula faz um governo de esquerda, apesar de o próprio União Brasil, além de PSD, MDB, PP e Republicanos somarem 11 ministros na Esplanada. “Se os outros campos políticos se organizarem, é possível ter uma eleição competitiva em 2026”, afirmou.
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