Protesto marca um ano do desabamento que causou 14 mortes no Conjunto Beira-Mar

Moradores cobraram indenização maior
Ontem, completou-se um ano do desabamento de parte de um dos
blocos do Conjunto Beira-Mar, no Janga, um grupo de moradores protestou
contra a falta de medidas das autoridades em relação à indenização que
consideram justa. Em junho, o Governo Federal e a Caixa definiram o
valor indenizatório máximo em R mil às famílias proprietárias.
Segundo
a gestão estadual, anteriormente, os donos de imóveis desse tipo que
apresentavam problemas estruturais poderiam ser indenizados em até R$ 30
mil. Agora, com a mudança anunciada pelo Poder Executivo Estadual, esse
valor será de cerca de R$ 120 mil.
Além das 14
vítimas fatais, a tragédia deixou cicatrizes permanentes em vidas que
mudaram para sempre. É o caso da aposentada Leonilda Rosália, 70, que
mora no prédio há 40 anos, mas não reconhece mais sua vida como era
antes. “A minha rotina depois dessa tragédia foi muito angustiante. Após
um ano, só agora recebi a tutela de dois meses. Veja só, depois de um
ano! De lá para cá, tenho me virado como posso. Meu dinheiro não dá,
porque é apenas um salário mínimo”, lamenta. Dona Leonilda mora com dois
filhos desempregados, que também dependem dela para o sustento.
A
aposentada critica o valor, segundo ela, abaixo do que foi desembolsado
pelos proprietários. “É muito, muito baixo. Há quase dez anos, pagamos
um valor próximo a 200 e poucos mil reais. Poderiam oferecer 220 mil.
Comparado com dez anos atrás, quanto o valor não aumentou? É muito
desproporcional, com interrupções e juros, não é?”, questiona. “Nós
compramos, temos nosso documento de compra. Quando compramos, pagamos
uma cota e vendemos. Então, temos o direito de reivindicar uma
indenização justa. Justa para todos.”
Cerca de 14 mil famílias
são proprietárias ou ocupantes de 431 prédios interditados em
Pernambuco, todos com risco iminente de desabamento. “Estão oferecendo
uma bagatela de até 120 mil reais. Não existe ninguém que compre um
imóvel daquele por esse valor. Nós queremos justiça”, afirma Dona
Leonilda.
A luta dos mutuários de prédios-caixão
do Grande Recife resultou em milhares de ações judiciais individuais e
coletivas para garantir algum tipo de indenização.
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