''Rachadinha" em Ipojuca: presidente da Câmara de Vereadores é afastado do cargo após operação em dois estados
Foto: Rafael Vieira
Deoclécio Lira (Republicanos), o filho dele e o secretário-geral da Casa foram alguns dos 23 alvos da Operação Fetta, deflagrada nesta terça (5), pela Polícia Civil
Presidente do Legislativo Municipal de Ipojuca, no Grande Recife, o
vereador Deoclécio Lira (REP) foi afastado da Câmara por suspeita de
liderar um esquema de "rachadinhas".
Ele é um dos alvos da Operação Fetta, deflagrada, nesta terça-feira (5), em Pernambuco e na Bahia.
Além dele, outros 13 comissionados do gabinete do parlamentar foram retirados de seus cargos.
Cumpridos
pela Polícia Civil pernambucana, foram realizados, ao todo, 23 mandados
de busca e apreensão, expedidos pela Comarca de Ipojuca.
Com Deoclécio, participavam do esquema o filho dele, Igor
Lira, e Josenildo Júnior, secretário-geral da câmara de vereadores. Reeleito nas Eleições Municipais de 2024, o vereador está no comando da transição de Governo em Ipojuca.
A operação cumpriu mandados em endereços ligados a Deoclécio, em
Ipojuca, no Cabo de Santo Agostinho, no Recife, em Jaboatão dos
Guararapes, além de Juazeiro, na Bahia.
Operação
A
operação foi realizada pela Diretoria Integrada Especializada (Diresp),
sob a presidência do Delegado Breno Maia, Titular da 1ª Delegacia de
Combate à Corrupção (1ª Deccor), unidade integrante do Departamento de
Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).
Iniciada em janeiro de 2023, a investigação teve como alvos os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
Segundo
o delegado Paulo Furtado, da Dracco, a investigação começou após
receberem a informação de que um vereador estaria envolvido em um
esquema de rachadinha. A partir de então, ficou “devidamente demonstrado
que ele contratava assessores e solicitava que eles passassem parte dos
valores recebidos”.
O delegado
explica que esses valores eram desviados para pessoas jurídicas,
“visando a lavagem de dinheiro”. Na operação foram encontrados munições,
dinheiro (de total não informado pela Polícia) e documentos,
dispositivos informáticos e celulares. Tudo foi levado para a sede do
Dracco, na capital pernambucana.
Participaram 150 pessoas, incluindo delegados, agentes e escrivães.
As
investigações foram assessoradas pela Diretoria de Inteligência da
Polícia Civil de Pernambuco, contando, ainda, com o apoio operacional do
Comando de Operações e Recursos Especiais (Core).
O Crime
Segundo
o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o crime de peculato é
caracterizado pela apropriação efetuada por um funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro móvel, público ou particular, de que
tem a posse em razão do cargo. Ou, desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio.
Para este crime, a pena prevista é de reclusão, de 2 a 12 anos, e multa, segundo os artigos 312 e 313 do Código Penal.
Já
para o crime de lavagem de dinheiro, conforme a Lei nº 9.613 de 1998, é
o ato de ocultar ou dissimular a origem ilícita de bens ou valores que
sejam frutos de crimes. A pena é de reclusão de três a 10 anos, e
multa.
Por: Mareu Araújo
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