Impossível mensurar o aumento do número de promessas feitas a Nossa Senhora da Conceição e ao Padre Cícero Romão. Mas o Papa Francisco, na sua mais recente homilia, mandou um recado: “Deixem os santos em paz. Eles estão fora dessa briga”.
E no cenário onde existe mais medos do que esperanças, surgem as “verdades” de cada um, que nem sempre condiz com a verdade dos fatos.
O torcedor do Sport anda vendo chifre em cabeça de cavalo e arrancando cabelo em ovo de galinha.
“Esse narrador da Globo é do Ceará e fica secando o Sport o tempo todo”, diz exaltado o amigo leonino em mensagem do whatsapp. Em seguida recebo nova mensagem de um outro torcedor rubro-negro: “Não gosto desse goleiro: ele falha em bolas fáceis e é um chamariz de gol”. Antes de a partida com o Operário ser concluída, o telefone toca. Do outro lado, com indisfarçável irritação, mas com voz firme e pausada, o desabafo de mais um torcedor do Sport: “O time é fraco. O presidente faz uma boa gestão, entretanto, os diretores do futebol são inocentes”.
O clima da noite ficou pesado. É como se estivesse vendo Maísa Matarazzo cantar: “Meu mundo caiu”.
De Palmares, recebo a ligação de Bebel Miranda, que acabara de ver o jogo em companhia dos “Leões da Mata”, e não segurava sua aflição: “Tio! Será que vai?”.
O taxista Val, tricolor confesso, passa o tempo todo secando o Leão, abriu um sorriso, deu um trago no seu inseparável cigarro, e sentenciou: “O Sport não sobe!”.
“Deixa quieto!”, rebateu o mestre Humberto Araújo, como se quisesse avisar que o sofrimento faz parte da liturgia de todas as conquistas do Sport. Araújo, assim como todo torcedor do Sport, está aflito. Sempre que isso acontece, opta por ver o jogo no seu bar – O PURGATÓRIO – degustando uma Pitú Golden com alguma fruta da época.
Dentre os times que brigam pelo acesso, o Sport foi o único que não venceu na última rodada. Aliás, o rubro-negro é o único que acumulou duas derrotas nas últimas apresentações. Todos os outros candidatos a dar um salto para a Série A contabilizaram vitórias.
A tribo vermelha e preta está em polvorosa. Vale um trago na cannabis.
“Quem tem garrafa pra vender?”
Para com isso cidadão!
Chegou a hora da onça beber água.
Por Claudemir Gomes*
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