Mensagens mostram PM acobertando traficantes: "A gente não mexe em nada, nem se aperreie"
Armas apreendidas na segunda fase da Operação Blindados (Divulgação/PCPE)
MPPE denunciou cinco PMs por
participação na quadrilha dos "Gêmeos de Santo Amaro", que atua no
tráfico de drogas no centro do Recife
Cinco policiais militares foram denunciados por envolvimento na
quadrilha dos traficantes Thiago e Bruno Teixeira de Oliveira, mais
conhecidos como os “Gêmeos de Santo Amaro”. A organização atua no centro
do Recife e também estaria ligada a homicídios na região.
Segundo
o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), os PMs “prestavam total
apoio à referida organização criminosa”. Os serviços incluem proteger os
traficantes, informá-los sobre ações policiais, colocar viaturas à
disposição dos criminosos e até deixar de fazer flagrantes nas áreas
dominadas pelo bando. A denúncia foi oferecida no dia 19 de dezembro.
O
grupo foi alvo da Operação Blindados, deflagrada pela Polícia Civil, em
novembro. A descoberta da participação dos policiais aconteceu após a
quebra do sigilo telefônicos dos “Gêmeos de Santo Amaro”, que foram
presos anteriormente, em janeiro.
Uma
dessas mensagens, atribuída ao PM Rayner Thainan Ferreira Santos, de 31
anos, mostra o agente acobertando os negócios dos traficantes, de acordo
com a promotoria.
“Agora, a minha
equipe é eu e o Galego, mas nem se preocupe, nada mudou. O Galego já
está alinhado, já. A gente não mexe em nada lá, nem se aperreie”, diz
trecho da transcrição. “Agora, um negócio que eu ia falar contigo [é]
para a turma dar uma diminuída na maconha, pô. Toda vez, a gente passa
ali. Também é tirar a gente de otário, tá ligado?”.
De acordo com a investigação, “Galego” seria o apelido
de Arthur Luiz Sampaio, de 33 anos, que também é PM e fazia dupla com
Rayner nas ruas. Ambos foram denunciados pelo MPPE por crime de
organização criminosa.
Já
em outra mensagem, também atribuída a Rayner, o interlocutor pede para
um dos “Gêmeos” lhe dar um quilo de maconha. Segundo a promotoria, o
favor serviria para o agente cumprir a meta de produtividade no
batalhão.
“Eu lembro que tu falou
para mim que tem uns quilos mofado e pá. Eu queria que tu deixasse 1 kg
para mim dessa… Desse preto aí, que tu tem mofado, velho, que não serve
mais para nada. Que é para eu apresentar, tá ligado? Para eu bater minha
meta, entendeu?”.
Em
interrogatório, Rayner afirmou que sempre trabalhou no 16° Batalhão da
PMPE, mas negou participação na quadrilha e alegou que o telefone
grampeado não era dele. Também afirmou que só conhecia o traficante por
“já tê-lo abordado, quando de serviço”.
Outros denunciados
Ainda
de acordo com o MPPE, o único policial que atuaria diretamente no
tráfico de drogas era Ivison Francisco Alves Júnior, de 42 anos. A ele, é
atribuída uma mensagem em que o interlocutor propõe uma parceria para
“venderem cocaína e ficarem ricos”. O PM está preso por ter sido
flagrado escoltando uma carga roubada.
Também
foram denunciados os policiais militares José Tarcísio de Carvalho
Pereira, de 42 anos, e Valter Mendonça de Azevedo, de 49, que é acusado
de repassar informações privilegiadas e ajudar os traficantes na compra
de munições e acessórios de armas de fogo.
A
denúncia incluiu, ainda, o chamado “núcleo civil”, formado por outros
seis contadores, distribuidores e traficantes de drogas. Entre eles,
estão Sales Vinicíus Barros de França Silva, de 22 anos, e Lázaro
Henrique Barros de França, que são filhos de um dos principais gerentes
do bando.
No documento, a promotora
Henriqueta de Belli Leite de Albuquerque também pediu a prisão
preventiva de todos os acusados – exceto de uma mulher que é primária e
está grávida.
Por: Felipe Resk
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