65,8% dos municípios brasileiros enfrentam desabastecimento de vacina, aponta levantamento
Ele também destaca o risco de que a percepção de “relaxamento” em relação à vacinação por parte da população, combinada com a falta de doses, possa agravar ainda mais a situação.
À Folha o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, negou que haja um problema generalizado de abastecimento de vacinas. “O Ministério cumpre o seu papel na aquisição das vacinas e, em dezembro, tivemos o atendimento de 100% do que foi solicitado pelos estados”, diz ele.
No entanto, segundo Gatti, a exceção é para a vacina de varicela, que, embora haja orçamento, contrato e cronograma previsto, houve um problema de produção por parte do fornecedor, o que ocasionou um atraso no envio das vacinas para estados e municípios. “O Ministério buscou outros fornecedores, temos outros dois, totalizando três, com a expectativa de regularização no início de 2025.”
Sobre a vacina da Covid, Gatti informou que há estoques do imunizante. Ele afirma que houve distribuição no final de novembro e início de dezembro e que há estoque para garantir vacina nos próximos meses.
Outros imunizantes também estão em falta, como a vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, indisponível em 18% dos municípios (520), com uma média de 60 dias sem estoque.
Esse desabastecimento ocorre durante o maior surto de coqueluche desde 2014, com aumento de quase 2.000% nos casos em 2024 em comparação a 2023. Até 27 de novembro, foram registrados 4.395 casos da doença, com 17 mortes, sendo 16 em crianças menores de 1 ano.
Gatti nega, no entanto, ter havido problema no abastecimento de DTP, com entrega por parte do Ministério de 100% do que foi solicitado pelos estados.
O processo de logística da vacina é compartilhado. A pasta do governo federal é responsável pela aquisição das vacinas e distribuição aos estados, enquanto estados e municípios distribuem para suas unidades de saúde.
Segundo o levantamento do CNM, há falta de outras vacinas: a meningocócica C, contra meningite, está ausente em 12,9% dos municípios (375); a tetraviral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela, em 11,6% (337); e a vacina contra febre amarela, em 9,7% (280).
Santa Catarina lidera a falta de vacinas, com 87% dos municípios afetados, seguido por Ceará (86%), Espírito Santo (84%) e Minas Gerais (83%).
O recorte por região apontou que o percentual de municípios com falta de vacinas alcançou 72% no sudeste (791), 67% no centro-oeste (142), 64% no nordeste (360), 63% no sul (547) e 42% no norte (64).
Da Folha de São Paulo.
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