Infectologista explica que animais mortos também podem transmitir a doença

Maioria dos pacientes infectados não consegue sobreviver. Segundo dados do Ministério da Saúde, a doença tem letalidade de quase 100%
Pernambuco registrou pela primeira vez em oito anos um caso de raiva humana, vírus que tem letalidade de quase 100%, segundo o Ministério da Saúde. O médico infectologista João Paulo França, do Hospital
Oswaldo Cruz, no Recife, para esclareceu dúvidas sobre o tema e explica
como se prevenir.
De acordo com o
profissional da saúde, a raiva pode ser transmitida até mesmo por um
animal já morto e se trata de uma doença infecciosa grave e que ocorre
nos mamíferos, a exemplo de cães, gatos, morcegos e
macacos. Este último foi o animal que infectou a mulher de 56 anos que
está internada na capital pernambucana.
“A
transmissão acontece de mamífero para mamífero para mamífero através de
animais que a gente já conhece bem como cachorro, gato e morcego. A
única exceção é o rato, que morre antes de transmitir a doença. A
transmissão ocorre quando o humano entra em contato com a saliva do
animal e isso acontece quando somos mordidos ou quando o animal lambe a
mucosa da gente”, explica o infectologista.
João
Paulo França pontua que raramente morcegos que se alimentam de frutas
irão atacar e morder os seres humanos, ao menos que estejam infectados
com o vírus da raiva, que altera o comportamento destes animais.
O
médico ainda explica que após ser infectado pelo vírus do gênero
Lyssavirus, da família Rabhdoviridae, o ser humano pode demorar cerca de
até duas semanas para apresentar os sintomas. O período de incubação
está relacionado à localização, extensão e profundidade da mordedura,
arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal
infectado, bem como a proximidade do local infectado com o cérebro e
troncos nervosos.
Profissionais
da saúde que atuam em hospitais ou laboratórios estão mais propensos a
serem infectados e precisam seguir uma série de cuidados para manipular o
vírus ou tratar um paciente.
O
médico João Paulo França ainda alerta que pessoas que resgatam animais
de rua precisam reforçar os cuidados e que caso alguém seja mordido por
um cachorro ou gato, o tutor deve ser procurado para saber se o bicho
foi vacinado.
De acordo com o Ministério da Saúde, ao ser infectado pelo vírus, o ser humano pode apresentar sintomas como:
- Mal-estar geral;
- Pequeno aumento de temperatura;
- Anorexia;
- Cefaleia;
- Náuseas;
- Dor de garganta;
- Entorpecimento;
- Irritabilidade;
- Inquietude;
- Sensação de angústia;
- Complicações como febre, delírios e espasmos.
O
infectologista João Paulo França orienta que a pessoa que recebeu uma
mordida ou lambida de algum animal recorra à profilaxia, tratamento que
inclui a vacina antirrábica e, em alguns casos, a administração de soro
antirrábico.
Quando a pessoa
infectada não recorre à profilaxia antirrábica no tempo correto, a
doença se instala e os médicos utilizam o Protocolo de Tratamento da
Raiva Humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e
outros medicamentos específicos. Mas mesmo com o tratamento, poucos pacientes sobrevivem.
Para
o infectologista do Hospital Oswaldo Cruz, este caso mais recente da
doença “aconteceu porque a gente falhou na prevenção, falhou em informar
a população de como se proteger da raiva. O vírus nunca deixa de
circular. A população às vezes esquece ou não está bem informada de que
após uma exposição é preciso fazer a profilaxia”.
A pernambucana infectada está internada desde o dia 31 de dezembro e é natural de Santa Maria do Cambucá.
Por: Adelmo Lucena
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