GIF Patrocinador

GIF Patrocinador

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

FINALMENTE O LEILÃO

Edifício Holiday vai a leilão: ícone de Boa Viagem pode impulsionar economia e especulação imobiliária, diz economista

                                             Foto: Rafael Vieira/DP Foto

O leilão será realizado de forma online nesta quinta-feira (30). Lance mínimo é de mais de R$ 35 milhões


Um dos símbolos da expansão imobiliária do bairro de Boa Viagem, o Edifício Holiday, vai para leilão nesta quinta-feira (30), com o lance inicial de R$ 35.731.026,76. O prédio, esvaziado desde março de 2019, era um ponto de comércio e moradia da Zona Sul da capital e pode voltar a ser um importante estímulo da economia local.

O prédio construído em 1956, composto por 17 andares, 476 apartamentos e 17 estabelecimentos comerciais em seu térreo foi desocupado e interditado por determinação da Justiça por conta de  riscos estruturais e graves problemas nas instalações elétricas.

O leilão será realizado de forma virtual às 11h através do site  Lance Certo Leilões, do leiloeiro público oficial Luciano Resende Rodrigues. Caso nenhum lance seja dado neste valor, um outro leilão será feito no dia 20 de fevereiro, mas com lance mínimo de R$ 21.438.616,05.
O juiz de direito Marcos Garcez destacou que o futuro arrematante não poderá demolir o prédio, fazendo referência à decisão do desembargador Antenor Cardoso, que estabeleceu a proibição da demolição do prédio como item obrigatório do edital do leilão. 

Também ficou definido na decisão que os custos com eventual reforma e recuperação do prédio serão exclusivos do arrematante, sem possibilidade de descontos no valor de compra do imóvel no leilão.

O edital do pregão destaca, ainda, que “todas as certidões e aprovações necessárias para obras, habite-se, construções, reformas, entre outros, serão de inteira responsabilidade do arrematante”.

Além disso, do “valor total arrecadado com alienação em hasta pública, será deduzida eventual dívida trabalhista, tributos sobre o imóvel, eventual débito com Concessionárias de serviço público,  o ressarcimento do Município do Recife das despesas com Administrador Judicial,  despesas com a perícia para aferir o valor de mercado do bem e, o que sobrar será rateado entre os proprietários ou aqueles que se apresentem com justo título documentalmente incontroverso, exceto os controversos cuja prova da legitimidade a percepção do saldo serão encaminhados às vias ordinárias”.

Após o pagamento destas pendências, o valor restante será utilizado para indenizar os antigos moradores do edifício, que precisam comprovar que possuíram apartamentos ou estabelecimentos no prédio.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a “redução do preço (do leilão) é estipulada pelo juiz de direito e, de uma forma ou de outra, o produto da venda seguirá o mesmo destino: quitar as dívidas existentes e se houver saldo restante, a Justiça irá repassá-lo aos proprietários que efetivamente comprovarem  a propriedade dos apartamentos”.

O edital do leilão ainda destaca que devem ser intimados credores, através de seus representantes legais, os proprietários e beneficiários que constam das matrículas imobiliárias das unidades integrantes do Holiday, cônjuges, representantes legais, garantidores, fiadores, ocupantes, detentores de direitos possessórios, eventuais usufrutuários, meeiros, possíveis espólios, herdeiros, sucessores, além de outras.

Entrevistamos antigos moradores e proprietários do Edifício Holiday, que alegam não ter mais esperanças de voltar a morar no prédio. Alguns pretendem colocar um ponto final neste capítulo com o recebimento da indenização, que consideram “injusta”, ainda que não saibam o valor.
]“Na hora de definir o preço mínimo de um leilão, muitas vezes o poder público está preocupado e não dá vazio. Então, existe uma tendência a subvalorar um imóvel que vai a leilão, pelo menos no que diz respeito ao preço mínimo”, explica  Luiz Maia Filho, professor de economia e finanças da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Para o professor, o Edifício Holiday passou por um processo de “favelização”, mas tem potencial para transformar a economia de Boa Viagem e aumentar ainda mais a especulação imobiliária.
“Durante um tempo, aquele que deveria ser um ativo que valorizava o entorno passou a desvalorizar. Muita gente que mora no entorno daquela região perderam valor dos seus patrimônios com a degradação daquele ativo. Com o fim dessa longa novela judicial o que tende a acontecer é uma recuperação relativamente rápida do preço dos imóveis”, comenta.

Segundo o economista, a recuperação do edifício pode trazer mais segurança e um novo comércio para Boa Viagem.

“Se você tinha um apartamento que ficava de frente para aquele edifício, ele era desvalorizado por causa de uma imagem tão estigmatizada de pobreza, de violência e  de invasão. Então, há uma perspectiva de aquilo virar um centro comercial, uma área, ainda que residencial, mais resguardada, protegida, preservada e valorizada”, pontua.
Com a chegada de um novo comércio e valorização da área, o que tende a acontecer é uma “grande corrida especulativa”, de acordo com o especialista.

“Tanto do lado de quem vende, quanto do lado de quem compra, poderá notar uma espécie de comportamento oportunista. A gente sabe que a gente tá em um período de taxa de juros muito alta. Em períodos como esse, o pequeno investidor ou a família, geralmente tem muita dificuldade de investimento em imóveis. Sim. Então, essa mudança acontecendo num momento de taxa de juros tão elevada, ela acaba significando uma oportunidade para grandes empresas do setor imobiliário porque essas têm o capital e tem uma dependência muito menor a recurso de terceiros para fazer aquisições”, esclarece.

Atualmente, nas proximidades do Holiday é possível encontrar pequenos comerciantes, que montam barracas para vender alimentos, vendedores de praias e até mesmo sapateiro. O entorno do prédio não conta com um comércio pulsante, visto que boa parte dos pequenos empreendedores que moravam na localidade moravam no Holiday.

“Se a gente pensar num cenário em que aquele imóvel vai ser plenamente resgatado, reformado e de alguma forma melhorado sobre aspectos estruturais, é bem provável que a gente tenha ele cumprindo a missão que ele já tinha. Era um edifício de ocupação múltipla, tinha uma parte comercial e uma residencial. Se isso acontecer, é bem provável que a gente tenha áreas muito valorizadas de comércio na região”, detalha Luiz Maia Filho.

“É bem provável que a gente tenha áreas muito valorizadas de comércio na região. Pode ter empresas dispostas a oferecer até mais do que os R$ 35 milhões e isso gera um benefício para todos. Se você tem bons restaurantes sendo implantados, lojas de alto luxo ou de alto poder aquisitivo, você certamente vai contar com segurança privada e aquilo vai se transformar numa área valorizada”, complementa o economista.

Mesmo com o aumento dos preços dos imóveis, Luiz Maia Filho explica que o IPTU dos imóveis não tende a crescer rápido, mas em médio e longo prazo. 

O professor da UFRPE conclui que “os riscos que o arrematador assume são riscos que vão depender de uma avaliação muito cuidadosa de engenheiros, arquitetos e de pessoas que conhecem a legislação”.

Por: Adelmo Lucena

Nenhum comentário:

Postar um comentário