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domingo, 14 de dezembro de 2025

DIA NACIONAL DO FORRÓ

Documentário destaca o papel das mulheres na consolidação do gênero musical

Com mais de 600 composições escritas, a pernambucana Anastácia é uma autoras mais importantes da história do forró. (Nando Chiappetta/Arquivo DP)

O documentário "A História das Mulheres no Forró" já está disponível no Youtube e conta a trajetória de forrozeiras,como Anastácia, Terezinha do Acordeon, Tereza Accioly e Rita de Cássia.


Luiz Gonzaga já vivia fora de Exu há mais de dez anos, quando gravou o seu primeiro compacto em 1941 com músicas instrumentais como “Vira e Mexe” e “Véspera de São João”. O projeto de tocar o Nordeste estava claro, mas a princípio encontrou resistência entre os produtores do Rio de Janeiro, onde o Mestre Lua já estava radicado na época. Com persistência, o sanfoneiro conseguiu emplacar a cultura nordestina na Era de Ouro da rádio e, dentro de alguns anos, tornou-se o maior fenômeno pop da época.

Em 1950, o sanfoneiro já era conhecido como o “Rei do Baião”, sendo fundamental para a consolidação do forró enquanto gênero musical. Por isso, neste sábado (13), quando é comemorado o aniversário de Gonzaga, convencionou-se celebrar também o Dia Nacional do Forró. Porém, a data serve não só para reverenciar o pernambucano, como também para lembrar de outros nomes fundamentais para o estilo.

É o que faz o documentário “A História das Mulheres no Forró”, disponível no Youtube e realizado pelo pesquisador Igor Marques, que comanda a página Igoarias Musicais. Motivado pelo desejo de reverter o apagamento das referências femininas no forró, Marques traz à tona o papel de diversas mulheres que contribuíram para a construção do gênero musical, sendo até mesmo pioneiras no segmento.

Um dos casos ilustrados pelo material é o da recifense Stefana de Macêdo, que gravou a canção “Estrela D’Alva” em um compacto de 7 polegadas em 1930, dando origem ao primeiro registro de uma música rotulada como “baião”. Além de ter feito o trabalho onze anos antes de Gonzaga lançar seu primeiro compacto, a cantora também rompeu com o canto lírico e teria ajudado a formatar o canto popular, com sotaque pernambucano, ainda incomum para o mercado fonográfico da época.

Outro exemplo curioso é o da japonesa Ikuta Keiko, que foi a primeira a internacionalizar o forró com interpretações em japonês de “Baião de Dois” e “Paraíba”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, em gravações de 1951. Dos primórdios da cena até os dias de hoje, o documentário engloba quase cem anos de produções femininas, destacando mais de 110 nomes.

O recorte chega até a sanfoneira Karol Maciel, a estrela do piseiro Talita Mel e a cantora Joyce Alane, que despontam na cena contemporânea. Outros nomes consolidados há mais tempo também ganham espaço, como Terezinha do Acordeon e Tereza Accioly, que hoje é presidente da Sociedade dos Forrozeiros Pé-de-Serra e figura-chave na preservação do gênero.

Compositoras relevantes, como Anastácia, também são ressaltadas pelo documentário. A pernambucana tem mais de 600 composições já gravadas, várias delas, como “Eu só quero um Xodó”, em parceria com Dominguinhos, tornaram-se clássicos da música brasileira. A lista segue com a paraibana Cecéu, que compôs para nomes como Luiz Gonzaga, Gal Costa, Alcione, Trio Nordestino e Ivete Sangalo; Glória Gadelha, parceira de Sivuca em “Feira de Mangaio” e em tantas outras canções; e a cearense Rita de Cássia, que emplacou vários dos maiores sucessos da Mastruz com Leite e demais bandas do forró eletrônico dos anos 1990.

“Uma história de resiliência, né? São muitas décadas de história delas alargando as poucas brechas do mercado para as gerações seguintes”, comenta Marques. O pesquisador também destaca a atuação de Dona Joana Alves para a transformação do forró em Patrimônio Cultural pelo Iphan, depois de décadas capitaneando formações em políticas públicas para o gênero musical.

Camila Estephania

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