Pernambuco apresenta redução da pobreza multidimensional na infância e adolescência, aponta Unicef
De acordo com estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) a queda do índice de privação total ou extrema foi influenciada pela ampliação do Bolsa Família entre 2019 e 2023
Dados divulgados nesta quinta-feira (16) pelo Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) mostram que o percentual de crianças e
adolescentes em situação de privação total ou extrema em Pernambuco caiu
de 69,8% para 64% entre 2019 e 2023. No Brasil, houve redução de 59,5%
para 55,9% no mesmo período.
Segundo
o estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil –
2017 a 2023, a redução da pobreza multidimensional em todo o País foi
influenciada principalmente pelo aumento da renda – beneficiado em
especial pela ampliação do Bolsa Família –, e pela melhoria no acesso à
informação.
O estudo, baseado na Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), analisou sete dimensões
fundamentais: renda, educação, acesso à informação, água, saneamento,
moradia e proteção contra o trabalho infantil. Tais dimensões foram
categorizadas no que seria uma privação intermediária – com acesso ao
direito de maneira limitada ou com má qualidade – e uma privação extrema
– sem nenhum acesso ao direito.
Ao
comparar com todas as unidades federativas do País, Pernambuco é o 16º
estado com o maior número de crianças e adolescentes privados de
qualquer um de seus direitos fundamentais, como moradia, acesso à água,
saneamento e educação.
Em
2023, 10,9% das crianças no Estado estavam privadas de educação, 4,4%
de informação, 2,9% estavam em trabalho infantil, 7,1% estavam privadas
de moradia adequada, 10,8% sem água adequada, 38,4% sem saneamento
adequado e 33% privadas de renda.
Comparando com o País, nesse mesmo período, 7,7% das crianças
estavam privadas de educação, 3,5% de informação, 3,4% estavam em
trabalho infantil, 11,2% estavam privadas de moradia adequada, 5,4% sem
água adequada, 38% sem saneamento adequado e 19,1% privadas de renda.
Em
relação à Região Nordeste, Pernambuco se destaca como possuindo o menor
percentual (30,8 %) de jovens com privação intermediária de saneamento
básico. No entanto, junto a Sergipe, detém o maior percentual (19,7%),
dos nove estados, com crianças e adolescentes com privação intermediária
de renda.
Em
seis dos 27 Estados, mais de 80% das delas estavam privadas de qualquer
um de seus direitos. Segundo o Boletim da Pobreza Multidimensional na
Infância e Adolescência no Brasil, todos esses estados estão nas regiões
Norte (Pará, Rondônia, Amapá e Acre) e Nordeste (Maranhão e Piauí).
Por
outro lado, o percentual de privação das crianças somente fica abaixo
de 40% em três estados do Sudeste e no Distrito Federal.
“A
pobreza infantil é multidimensional porque vai além da renda. Ela é
resultado da relação entre privações, exclusões e vulnerabilidades que
comprometem o bem-estar de meninas e meninos”, explica Liliana Chopitea,
chefe de Políticas Sociais do UNICEF no Brasil. “Os resultados deste
estudo mostram que o Brasil conseguiu avançar nas diversas dimensões
avaliadas, reduzindo a pobreza multidimensional e impactando
positivamente meninas e meninos em todo o País”.
Em
todo o Brasil, a pobreza multidimensional entre crianças e adolescentes
negros permanece consistentemente mais alta em comparação com brancos,
destacando disparidades raciais significativas no que diz respeito às
condições de vida e acesso a recursos essenciais. Enquanto, entre
meninas e meninos brancos, 45,2% estão em pobreza multidimensional,
entre negros o percentual é de 63,6%.
“Há
sinais positivos importantes, como a diminuição da pobreza infantil
monetária. Isso é um claro reflexo da expansão do Bolsa Família, e dos
investimentos na recuperação da infraestrutura da Assistência Social
local que executa tal política. Há também intentos louváveis na linha do
incentivo à intersetorialidade e da transversalidade, como a Agenda
Transversal Criança e Adolescente do PPA federal, algo que ainda precisa
ser adotado por estados e municípios”, defendeu Chopitea.
Por: Mareu Araújo
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