Lula a caminho do fundo do poço
O terceiro mandato de Lula tem se revelado desastroso. Faltando praticamente um ano e meio para as eleições, a cada pesquisa seus indicadores de desaprovação só aumentam, conforme o levantamento da Genial/Quaest divulgado ontem, com 57% de reprovação e apenas 40% de aprovação. Se continuar nesse ritmo, chegar ao fundo do poço será uma questão de dias.
O presidente basicamente repete o resultado obtido na Quaest anterior, de dois meses atrás, quando alcançou os piores índices já registrados desde 2003, ano em que assumiu a presidência pela primeira vez. Numericamente, sua reprovação até cresceu e sua aprovação caiu. Passaram respectivamente de 56% para 57% e de 41% para 40%.
Mas considerando a margem de erro de dois pontos percentuais o patamar não se alterou. O problema é: sua aprovação estabilizou em seu recorde negativo. Pior: na pesquisa Quaest do fim de janeiro, a grande novidade era que sua desaprovação havia superado a aprovação pela primeira vez na vida de Lula presidente.
Mas àquela altura o episódio do PIX ainda bafejava o pescoço de Lula e Sidônio Palmeira acabara de virar chefe da Secom. Havia uma promessa no ar de virar o jogo. Afinal, Lula convocou um especialista para cuidar de sua comunicação — e era a comunicação que, para Lula, merecia a culpa dos números sofríveis de popularidade.
Só que o receituário de Sidônio, seguido à risca por Lula, não deu em nada até agora. Lula passou a dar muito mais entrevistas do que jamais havia dado desde a posse dele em 2023. E passou a viajar para os estados como nunca. Também preparou e serviu um pacote de bondades para a baixa renda. Meio ano se passou e nada mudou. Todos os esforços não deram em nada até agora.
Uma pergunta da pesquisa permanece sendo um fantasma a assombrar Lula. É uma pergunta cuja resposta parece indicar que não se trata só de um problema do governo. Mas da figura do presidente. Eis a pergunta: “Você acha o Lula bem-intencionado?” Quase metade dos brasileiros (48%) o considera mal-intencionado contra 46% que o veem como bem-intencionado.
SITUAÇÃO DESCONFORTÁVEL
O Palácio do Planalto vai relativizar o resultado da pesquisa, algo que qualquer governo faria. Dará a explicação-padrão de que a pesquisa que vale é a das urnas. Ou que, como disse o Lula meses atrás, que só deve se começar a considerar pesquisas a partir de março ou abril do ano de eleições. Não dá para prever se o presidente se recupera até abril de 2026. Mas dá para dizer que nenhum governo se sente confortável com uma aprovação neste patamar, com índices que parecem não querer ceder.

Maior rejeição no Sudeste
A desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) representa o dobro do percentual de aprovação dele no Sudeste, indicam os resultados da pesquisa Genial/Quaest. Na região, a taxa de insatisfeitos chegou a 64%, um acréscimo de quatro pontos percentuais desde o último levantamento, enquanto a aprovação contabilizada foi de 32%, cinco pontos a menos que o percentual registrado na rodada anterior. Os índices de descontentamento com a atual gestão calculados no Sudeste também superam numericamente os de outras regiões, como o Sul e Centro-Oeste/Norte, onde a rejeição foi de 62% e 55%, respectivamente.
Reprovação no Nordeste chega a 54% – Já no Nordeste, reduto tradicional do petista, 54% aprovam e 46% desaprovam a atual gestão, com ambos os percentuais registrando oscilações de dois pontos desde a última pesquisa. Em termos gerais, o levantamento também apontou um cenário de estabilidade na popularidade do presidente, com os que desaprovam o governo oscilando de 56% em março para 57%, considerada a maior marca desde o início do governo Lula 3. O cenário apresentado pela pesquisa, no entanto, prolonga um ciclo de deterioração da imagem do presidente, que começou a se revelar nas pesquisas há quase um ano.
Pobres também insatisfeitos
A ligeira piora sugerida pelo novo levantamento teve participação da parcela mais pobre dos entrevistados, que ganha até dois salários-mínimos por mês. Nesse núcleo, que corresponde a um terço da amostra da pesquisa e que historicamente é mais simpático a governos do PT, a taxa de aprovação variou de 52% para 50% desde março, enquanto a desaprovação avançou de 45% para 49%.
Pior do que Bolsonaro
Segundo ainda a pesquisa Quaest, hoje também há mais brasileiros que acham o atual governo “pior” que o anterior, de Jair Bolsonaro (PL). São 44% os que compartilham dessa avaliação, contra 40% que consideram a atual gestão “melhor”, e 13% que veem os dois governos como “iguais”. Já na comparação com as duas passagens anteriores de Lula pelo Planalto, a maior parte da população (56%) considera que o desempenho do petista está inferior agora.
Por Magno Martins
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