Mandachuva de Gravatá complica prefeito
Festas populares, que atraem multidões, como o Carnaval e o São João, muitas vezes são aproveitadas de forma inadequada e irresponsável por gestores em busca de promoção. Artistas pagos com o dinheiro do contribuinte, alguns deles embolsando cachês milionários, são orientados a citar os nomes dos prefeitos durante os shows.
Em Gravatá, um dos pólos juninos mais tradicionais do Estado, que atrai milhares de pessoas entre o São João e o São Pedro, o poder municipal extrapolou. A primeira-dama e secretária de Obras, Viviane Fagundes, que é cantora, subiu ao palco para exibir o seu vozeirão nos shows de Cristina Amaral, Waldonys, Benil e Wesley Safadão.
Ela é poderosa. Até as paredes da Prefeitura sabem que manda mais do que o prefeito. E é candidata a deputada estadual. Nesta condição, usou o espaço para promoção, segundo interpretou o Tribunal de Contas do Estado, que ontem emitiu um alerta ao prefeito Joselito Gomes (Avante), que era padre e largou a batina depois de uma paixão arrebatadora por Viviane.
O ex-padre também é cantor e vez por outra faz duo com ela em palcos em shows patrocinados pela Prefeitura. O São João que promoveu este ano contou com apoio financeiro do Estado, depois que aderiu à governadora Raquel Lyra (PSD). Nos festejos juninos do ano passado, a chefe do executivo estadual negou água e pão para o prefeito, que teve que se virar usando recursos próprios na organização do evento.
O conselheiro Dirceu Rodolfo, do Tribunal de Contas do Estado, entende que a reiterada presença da secretária nas apresentações artísticas “poderá vir a ser interpretada como ato de promoção pessoal financiado com recursos públicos”.
Em ofício ao prefeito, o conselheiro, em boa hora, alertou sobre a “potencial violação ao princípio da impessoalidade administrativa” por não adotar providências preventivas para evitar o uso indevido de estruturas ou recursos públicos para beneficiar agentes políticos.
REINCIDENTE
O prefeito de Gravatá, Padre Joselito (Avante), é reincidente no TCE. No passado, recebeu uma multa de R$ 10.495,92 por empregar duas sobrinhas como comissionadas. A ex-secretária de Educação do município, Iranice Lima, também teve que arcar com multa no mesmo valor, por ter tido um sobrinho comissionado na gestão municipal. Além disso, obrigada a devolver R$ 256.097,80 aos cofres públicos, por acúmulo ilegal de cargos entre janeiro de 2021 e dezembro de 2023. De acordo com a auditoria, ela desfrutava simultaneamente dos salários de secretária municipal, professora efetiva em escolas locais e de servidora do município de Chã Grande, o que é proibido pela Constituição Federal.
Por Magno Martins

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