Se tiver juízo, Governo de Raquel encerra pendenga com a Alepe na próxima semana
A próxima semana será fundamental para que o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) encontrem uma maneira consensual para destravarem a pauta e, assim, permitirem que projetos parados na Casa sejam votados, sobretudo os que já passaram pelas comissões e só dependem do plenário.
Com a proximidade do feriado de São João e do recesso parlamentar de julho, há o risco, se o plenário continuar sendo esvaziado pelos deputados governistas, de as votações das matérias ficarem para o segundo semestre.
As festas de junho no interior do Estado são muito frequentadas pelos parlamentares, que aproveitam para conversar com as bases. Com isso, mesmo que o Estado e a Alepe destravem a pauta na semana seguinte, a que precede o São João, o quórum pode não ser atingido para as votações nominais por causa de compromissos dos deputados fora do Recife.
Por essa razão, a partir da próxima segunda-feira (9), o Governo do Estado deve correr contra o tempo para entrar em acordo com a Casa, porque é o Poder Executivo quem vai ficar prejudicado e desgastado, mais do que já está, se projetos como o do reajuste dos professores, por exemplo, ficarem para agosto.
É preciso que um dos lados ceda na queda de braço e utilize o pragmatismo neste momento, deixando de lado a briga de egos, esquecendo essa bobagem de quinta série de “ou vota tudo ou não vota nada”. Quem o fizer, inclusive, pode até colher frutos, demonstrando grandeza política e humildade.
A governadora Raquel Lyra (PSD) está mais fragilizada nesse processo porque precisa fazer entregas e porque é ela quem vai disputar a reeleição em 2026. Portanto, seria, no mundo ideal, do interesse dela acabar com essa pendenga pública que vem corroendo cada dia mais a imagem do Poder Executivo, a cada esvaziamento de plenário promovido pela base governista e articulado pela Casa Civil, com o aval da chefe do Executivo.
Imagem da falta de diálogo já se consolidou
A essa altura, a imagem de gestora sem diálogo de Raquel Lyra já está consolidada e é reforçada desde o início da administração dela, com sucessivos erros de condução política e com essa relação difícil com a Assembleia, mesmo que em alguns momentos a governadora acene com gestos de bandeira branca, como as ligações que tem feito para o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB) – gestos esses que entram em contradição com a postura da bancada governista, que não tem comparecido ao plenário, orientada por Raquel.
Outra forma de fazer política
Enquanto isso, o presidente da Casa, Álvaro Porto, trabalha em outras frentes, chamando os professores para uma conversa sobre o projeto de reajuste da categoria, na manhã da próxima segunda-feira (9), reunião na qual vai se comprometer a pautar o projeto na primeira sessão plenária da semana e em todas as outras, caso não haja quórum na tarde da segunda-feira. Quem vai ficar com a imagem desgastada perante a categoria se esse projeto chegar em agosto sem ser votado, inclusive depois de a governadora receber os professores no Palácio e afirmar que “educação é prioridade”?
Não há impedimento
O entendimento da Procuradoria-Geral da Alepe é de que, com a pauta trancada, todos os projetos de mesma natureza daquele que originou o trancamento não podem ser apreciados. No entanto, os que tiverem natureza diferente ou forem de autoria de outros poderes podem ser votados, mesmo com a pauta trancada. A matéria que motivou o trancamento foi o Projeto de Lei Ordinária nº 2692/2025, que autoriza o Estado a contrair empréstimo de R$ 1,5 bilhão.
Reajuste dos professores e demais projetos
Mas o reajuste dos professores e os projetos dos Tribunais de Contas e de Justiça, assim como a indicação do novo presidente da Adagro (uma resolução), estão liberados para votação. A proposta de reajuste dos professores, por exemplo, é o Projeto de Lei Complementar nº 2968/2025, ou seja, não é de Lei Ordinária nem de Resolução, portanto, não está condicionada ao trancamento. Além disso, já passou pelas comissões e está pronta para ser votada no plenário mesmo com a pauta trancada. Não há impedimento nem justificativa para que a bancada governista não compareça na segunda-feira durante a votação da matéria.
Por Larissa Rodrigues
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