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quarta-feira, 11 de junho de 2025

INFLAÇÃO EM PERNAMBUCO

Inflação no Grande Recife acelera em maio e é a quarta maior do país

No Brasil, o IPCA ficou em 0,26%, número inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado (0,46%) (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Reajuste da energia elétrica e alta de alimentos pressionam o IPCA na RMR, que acumula 4,33% em 12 meses


A Região Metropolitana do Recife (RMR) registrou inflação de 0,56% em maio, a quarta maior variação do país e a segunda no Nordeste, atrás apenas da Grande  Fortaleza. A alta representa um avanço de 0,34 ponto percentual em relação a abril (0,22%) e foi puxada, principalmente, pelos aumentos nos grupos Habitação e Alimentação e Bebidas.

Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta terça-feira (10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Segundo o IBGE, a energia elétrica residencial subiu 7,16% na região, após registrar queda no mês anterior. O reajuste tarifário anual das distribuidoras foi o principal fator, mas o aumento também refletiu a volta da bandeira amarela, com cobrança adicional de R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos, além do repasse de PIS/COFINS.

Em junho, de acordo com o IBGE, a tarifa de energia não será reajustada novamente, mas o efeito da energia sobre o índice pode continuar, já que passou a vigorar a bandeira vermelha patamar 1, que encarece ainda mais a conta de luz.

No grupo de alimentação, os principais vilões da inflação foram a cebola (17,93%), a batata-inglesa (13,44%) e o tomate (8,98%). A escassez na safra da batata, de origem local, e dificuldades de importação da cebola da Argentina e do Chile explicam a alta.

Apesar da aceleração em maio, o IPCA na RMR acumula alta de 2,68% no ano e 4,33% nos últimos 12 meses, ainda dentro da meta inflacionária definida pelo Conselho Monetário Nacional para 2025, que é de 3% com intervalo de 1,5 ponto percentual. 

Segundo a gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita Lins, o impacto da energia elétrica foi o mais significativo no mês, mas não deve se repetir nos mesmos moldes nos próximos meses. "O reajuste tarifário já foi incorporado. A depender da bandeira vigente, o efeito pode ser menor ou maior", afirmou.

A capital, Brasília (DF), liderou o índice no país, devido ao expressivo aumento na energia elétrica (9,43%) e da gasolina (2,60%). Já a menor variação foi registrada em Rio Branco (AC), influenciada pela queda do preço do ovo de galinha em -9,09% e no arroz, em -6,26%. 

Com relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que considera famílias com menor renda, Recife teve 0,70% de variação, sendo a segunda maior do Brasil, menor somente do que o registrado em Belém (0,73%). 

Alta da energia pressiona famílias mais pobres

Para o economista David Batista, a inflação registrada no Recife é reflexo de pressões localizadas, especialmente nos preços administrados, e exige atenção das autoridades estaduais.

Batista afirma que, embora o índice esteja dentro da meta nacional, o ritmo de reajuste exige um monitoramento mais constante do governo do Estado e da Secretaria de Política Econômica. A região é altamente sensível a tarifas, como transporte e energia. 

Ainda segundo ele, os reajustes da energia elétrica têm impacto direto e regressivo sobre o orçamento das famílias de baixa renda. "A energia representa uma parcela significativa do gasto mensal fixo. É difícil de reduzir ou substituir. Quando ela sobe, o consumo em outras áreas é comprimido, como alimentação, transporte e saúde e, em alguns casos, há aumento da inadimplência".

O economista também destaca que, além da energia, a pressão nos alimentos é preocupante, ainda que parte dela seja sazonal, como no caso da entre safra de hortaliças. "Alimentos como arroz, feijão, frutas e café subiram por fatores climáticos, como a seca no Nordeste e o excesso de chuvas no Sul. Ele destaca também os aspectos estruturais: insumos agrícolas mais caros, logística afetada pelo custo do combustível e valorização do dólar, que encarece fertilizantes.

Para os próximos meses, a expectativa é de volatilidade nos preços, com possibilidade de novas altas pontuais, sobretudo em produtos in natura. "É preciso coordenar política monetária, gestão fiscal e proteção social para evitar que a inflação corroa ainda mais o poder de compra da população, especialmente das camadas mais vulneráveis", diz Batista.

Fernanda disse, ainda que, além da energia elétrica, os demais grupos de produtos se mantém dentro de um comportamento semelhante a outras áreas do país, de modo que não se espera variações que destoem do restante dos índices nacionais.

Cecilia Belo

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