Yuri Romão explica montagem do elenco do Sport em 2025: "Erro de forma, não de estratégia"
Presidente rubro-negro detalha investimento milionário, admite falhas no planejamento e destaca retomada com perfil mais realista na segunda janela
O presidente do Sport, Yuri Romão, abriu o jogo sobre os bastidores da montagem do elenco rubro-negro para a temporada 2025. Em entrevista à Rádio Jornal, o mandatário explicou as decisões que levaram a um investimento de aproximadamente R$ 57 milhões em contratações, reconhecendo falhas na análise e no processo de escolha dos atletas.
Logo após a renovação com o técnico Pepa, ao fim da Série B, a primeira janela do Leão em 2025 ficou marcada por reforços estrangeiros, atletas custando as maiores cifras da história do clube e apostas vindas de clubes da Primeira Divisão.
"A nossa ideia naquele momento, entre o acesso e o pós-eleição, em dezembro, era montar um elenco competitivo que se mantivesse na Série A (...) Depois do contrato (com Pepa) veio a procura por atletas, e nós tomamos um susto. Acho que não só o Sport, mas todas as equipes que subiram à Série A se assustaram com o que viram no mercado, extremamente inflacionado. Aí é onde está o primeiro erro da gente", revelou.
Postura na primeira janela de transferências
Segundo o presidente do Sport, o clube traçou um perfil de atletas jovens, altos e velozes, mirando retorno técnico e financeiro a longo prazo. Na primeira janela de 2025, 15 Jogadores desembarcaram na Ilha do Retiro. Nove desses atletas chegaram em definitivo ao Leão (João Silva, Matheus Alexandre, Rivera, Sérgio Oliveira, Atencio, Paciência, Carlos Alberto, Gustavo Maia e Pablo).
"Traçamos um certo perfil de atletas. Não diria que demos um passo maior que a perna, mas, para fazer um investimento na compra de direitos econômicos de um jogador, é preciso mais análise para não ocorrer os erros que cometemos. Uma coisa é por empréstimo, oneroso ou não, o custo é pequeno e, se não der certo, não tem impacto geral", explicou.
"Traçamos um perfil jovem, alto, de velocidade, de posicionamento dentro de campo. A vontade naquele momento era chegar ao final de 2026 com um baita ativo que pudesse melhorar e muito o caixa do clube. A estratégia estava errada? Não. O errado foi a forma. Não analisamos os atletas como deveríamos", completou
Alto investimento e pouco retorno em campo
O dirigente revelou que o orçamento inicial previa R$ 15 milhões em investimentos, mas o número cresceu rapidamente diante da realidade do mercado.
"Inicialmente, o valor estimado se iniciou em R$ 15 milhões e, quando vimos que com esse valor não faríamos nada, ele foi para cerca de R$ 25 milhões. Depois, fizemos uma operação maior e esse número subiu mais", afirmou.
Apesar dos altos custos, o desempenho dentro de campo ficou aquém do esperado. O Sport não conseguiu se consolidar na elite e viu o planejamento inicial se transformar em lição administrativa. Mais para frente, depois de muitas críticas do torcedor, o clube precisou mudar a postura para evitar um colapso ainda maior.
"Tem algumas coisas que a nossa torcida não aceita, e não vou questionar isso. Nosso torcedor discorda, mas é muito presente. A exemplo, o jogo contra o Ceará, numa quarta-feira à noite, quase 15 mil pessoas, nós na rabeta da tabela. Então, temos que exaltar esse nosso torcedor. Reconheço isso de forma veemente, mas ele é muito exigente. A decisão nessa cadeira é muito difícil de ser tomada", expressou Yuri Romão.
Chegada de Daniel Paulista e postura na segunda janela de contratações
Na segunda janela de contratações, o clube mudou o rumo. Passando por reformulação na gestão de futebol, entre chegadas, saídas e extinção de cargos, o Sport apostou no retorno do técnico Daniel Paulista para uma postura mais racional no mercado e buscou reforços pontuais, adequados à realidade financeira. Desta vez, com dez reforços menos badalados, o desempenho em campo apontou certa melhora.
"Se tivesse que fazer novamente, faria tudo diferente, como fizemos na segunda janela, quando fizemos tudo ao contrário. Colocamos o trem nos trilhos, com a realidade. E esse é o papel do dirigente, o papel do presidente: apontar o caminho, obviamente conversando com todo mundo: dirigentes, comissões técnicas", finalizou o mandatário rubro-negro.
DP

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