Grupos de afoxé fazem lavagem da avenida Rio Branco, no centro do Recife
Foliões participaram do Ubuntu, tradicional benção dos orixás e ritual de purificação, e foram levados até o Marco Zero, no Bairro do Recife
A lavagem da Avenida Rio Branco, tradicional benção dos Orixás para o Carnaval, aconteceu na tarde desta quarta-feira (26), no Bairro do Recife. Ela faz parte de uma celebração espiritual com a preparação de banho de ervas, que destaca a conexão entre a cultura afro-religiosa e a preservação ambiental.
A lavagem faz parte da tradição do Ubuntu, que está em sua sexta edição. O evento reuniu 29 grupos de afoxé, conduzindo os foliões para um ritual de purificação até o Marco Zero. Através da dança, da música e do axé, a consagração do povo negro pediu benção aos Orixás para o Carnaval de 2025.
Os foliões que percorreram o trajeto da Avenida Rio Branco até o Marco Zero receberam um banho de ervas sagradas, chamado amaci (omíeró). A mistura de água com ewé (folhas sagradas), preparada por ialorixás e babalorixás dos 29 afoxés, reforça a energia de proteção e renovação.
O evento integra a programação oficial do Carnaval 2025, promovida pela Prefeitura do Recife. A homenagem ressalta a luta pela valorização da cultura negra e os que deixaram um legado na preservação das tradições afro-brasileiras.
O organizador do Ubuntu, Chacon Viana, responsável pela coordenação do cortejo dos afoxés, destacou a importância do evento para o Carnaval do Recife.
"É a consagração de um povo, o momento em que todos os afoxés se unem para abrir o Carnaval com paz, saúde e felicidade, trazendo prosperidade e renovando as energias para o ano que se inicia. Com os amacis e a lavagem das águas sagradas, os afoxés espalham paz e alegria, mesmo em tempos difíceis, irradiando a força dos orixás para o mundo", destacou.
A iabassê do Afoxé Ogbon Obá, Dona Carmem Virgínia, idealizadora do Ubuntu, comentou sobre a organização da cerimônia de 2025.
"A sexta edição tem uma diferença das anteriores: nos organizamos melhor. Criamos uma comissão responsável por toda a organização, com cada um em seu lugar. Mãe Fátima e Marquinhos estão na comissão da religiosidade, enquanto Dario e José cuidam da produção artística e da direção do cortejo", ressaltou.
Ela destaca também a quebra de preconceitos e estigmas acerca da comemoração com os afoxés, e como as pessoas começam a enxergar esse movimento participando da tradição.
"Eu atuo na missão de atrair e reunir pessoas, de aglutinar. Todos os afoxés estão aqui, abrilhantando e representando suas casas, suas cores, seus pais, mães e filhos. Esse é o candomblé de rua, a essência do que há de melhor no candomblé pernambucano. O Ubuntu é uma verdadeira consagração do povo negro, pois foi feito por pessoas pretas, para pessoas pretas – e também para as não pretas, que precisam quebrar paradigmas, preconceitos e racismo dentro de si", concluiu.
Por César Gabriel
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