Hospedagem impagável apequena COP30 em BelémQuarto de hotel de Belém com diária de R$ 2.284 mil oferecida para autoridades ambientais mundiais para a COP30. (Foto: Reprodução/cop30.bnetwork.com)
Ministro fracassa diante de altos custos de hospedagem que afastam países de megaevento mundial, mas resiste no cargo por 'vitrine' em Belém
Ameaçado de ser expulso do partido União Brasil por permanecer no governo de Lula (PT), o ministro do Turismo, Celso Sabino, reluta no cargo para buscar “vitrine” para sua gestão na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). Mas o que está exposto para o mundo é o fracasso do ministro em garantir preços justos de hospedagem que têm afastado países da participação no megaevento ambiental mundial, diante de valores a partir de cerca de R$ 1 mil por noite (US$ 180).
O potencial de deslegitimação e desqualificação de negociações pelo futuro do planeta, na COP30 marcada para Belém, no mês de novembro, foi exposto no último fim de semana pela maior agência de notícias do mundo, a Reuters. Uma reportagem tornou evidente o quanto está embaçada a imagem do “legado” de Sabino e também do União Brasil, na pasta do Turismo do governo petista.
Na sexta-feira (3), a agência de notícias britânica mostrou que dezenas de países ainda não garantiram acomodações, mesmo com organizadores da COP30 convertendo quartos de motéis, navios e igrejas em abrigos para autoridades de destaque mundial.

Celso Sabino (União-PA) e Lula (PT) – (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil).
O problema resiste a apelos de países para transferir o evento de Belém, apesar de o próprio ministro Sabino a alardear à imprensa, em agosto: “Posso garantir a você que temos hospedagens e temos preços justos”. Os esforços de Sabino e Lula desafiam o fato de autoridades brasileiras já saberem com antecedência que a capital do Pará tinha capacidade de 18 mil acomodações, e a COP30 já previa a presença de cerca de 45 mil delegados.
A garantia de Sabino não se efetivou, mesmo depois de o ministro lançar uma plataforma de reservas em site oferecendo hospedagens com diárias que, consultadas hoje pelo Diário do Poder, variavam entre US$ 180 (R$ 957 reais) e US$ 720 (R$ 3.827), em “hotéis” e de US$ 150 a US$ 37.129 (R$ 197.589) para “apartamentos”, com pacote de até 148 pessoas, nesta última opção mais cara. E a Reuters destacou que as diárias na plataforma já variaram de US$ 360 (R$ 1.913) a US$ 4.400 (R$ 23.398) por noite. Maioria com permanência mínima de 10 noites.
Uma dessas acomodações, com uma cama de solteiro e uma cama de casal com diária oferecida a US$ 429 (R$ 2.284) expõem o nível do fracasso do ministro do Turismo. Um desses espaços tem uma minúscula mesa de trabalho espremida no canto do quarto.
Realidade afasta países
A discordância entre Sabino e a realidade das hospedagens resiste imperativa, neste mês de outubro, nas palavras do ministro do clima da Letônia, Kaspars Melnis, que já apelou à participação na COP30 por videoconferência, após receber cotações com diárias acima de US$ 500 por pessoa.
“Já decidimos que é caro demais para nós. […] É a primeira vez que é tão caro. Temos uma responsabilidade com o orçamento do nosso país”, disse à Reuters o ministro cujo país se interessa em soluções para perda de biodiversidade com poluição por plástico e degradação do litoral do mar Báltico.
Outro exemplo do abalo da atuação do setor turístico contra a COP30 tão cobiçada por Sabino é a “grave desvantagem” de pequenos países que sofrem a ameaça de perderem seus territórios com a elevação do nível dos oceanos. A conclusão é da presidente da Aliança dos Pequenos Estados Insulares, Ilana Seid, que falou à Reuters sobre faltar acomodações acessíveis em Belém e a danosa falta de “expertise necessária para participar efetivamente das negociações” que decidirão o futuro desses países.
Davi Soares

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