GIF Patrocinador

GIF Patrocinador

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

MARGINAIS DAS TORCIDAS ORGANIZADAS

'Punição e investimento em políticas sociais', diz especialista sobre saída para combater brigas de organizadas

     (Foto: Rafael Vieira/DP Foto)

Adriano Costa, ex-coordenador regional da Associação Nacional das Torcidas Organizadas, compartilhou ideias que envolvem tanto a responsabilização individual e investimento em políticas públicas


Um problema complexo não é resolvido com uma solução simples. As brigas entre torcidas organizadas voltaram a ser manchete, principalmente após as cenas de selvageria no último clássico entre Santa Cruz e Sport no sábado (1). Mesmo com diversas leis e ações sendo implementadas, a violência entre torcedores ainda persiste. Em entrevista Adriano Costa, ex-coordenador regional da Associação Nacional das Torcidas Organizadas, compartilhou três possíveis soluções para este problema, que envolve tanto a responsabilização individual quanto o investimento em políticas públicas e diálogo com todos atores envolvidos no problema.

"Primeiramente, punir expressamente os atos de violência nos CPFs e não nos CNPJ. O fato da impunidade também conta muito, você não pode transferir para as entidades não. Essa é uma responsabilidade do indivíduo, apesar do contexto social. É importamte responsabilizar diretamente os agressores, ao invés de culpar as torcidas como um todo. 

A responsabilização individual seria uma forma mais eficiente de combater a violência e evitar que grupos inteiros paguem por atitudes de alguns", afirmou o especialista em organizadas.

A segunda medida sugerida é o investimento em políticas sociais, para incentivar a cultura, com encontros de formações, fazer palestras, ações sociais, cursos técnicos, investimento em cultura e lazer. Através do esporte, cultura e lazer, seria possível oferecer alternativas positivas aos torcedores, promovendo inclusão social e afastando-os de comportamentos violentos. 

Por fim, Adriano Costa aponta a importância da representação das organizadas nos grupos de trabalho. Ele ressalta que a ausência de um diálogo real entre os torcedores, os gestores do futebol e da segurança pública contribui para decisões desconectadas da realidade do que acontece nos estádios. "No final, os representantes acabam tomando atitudes ineficientes e populistas, no sentido de tomar decisões fora da realidade. De pessoas que nunca foram aos estádios", destacou.

Para o especialista no tema, é crucial que as torcidas tenham representantes que compreendam o cotidiano das arquibancadas e possam colaborar efetivamente na criação de políticas mais eficazes. Essas soluções, se implementadas de forma coordenada, podem ser um passo importante para combater a violência entre torcidas.

 “O reconhecimento facial através da tecnologia não tem se mostrado uma grande solução. Se as câmeras da SDS estão funcionando, faz reconhecimento facial no carnaval e na virada do ano. Porque ela não reconheceu os agressores com antecedência e não viu o caminho que as torcidas estavam fazendo. Os crimes estão acontecendo a centenas de quilômetros do estádio”.
 
Sobre as novas medidas do Governo de Pernambuco, sobretudo a Portaria que proibiu por cinco jogos a presença de público em jogos de Sport e Santa Cruz (revogada pela justiça), ele foi enfático.  
 
“A governadora Raquel Lyra tem mostrado um catálogo de medidas que não devem serem tomadas nesta situação. Inclusive, isso incentiva ainda mais essa cultura de violência das organizadas (...) É um projeto ineficiente, não só da governadora, mas de governos anteriores. São atitudes para ganhar engajamento, mas que se tornaram altamente impopulares. Torcida única já se mostrou ineficaz e ineficiente”, finalizou.

Paulo Mota

Nenhum comentário:

Postar um comentário